« A gente das cidades pergunta-me em que país do mundo florescem, em Dezembro, bouças e montados.... Respondo que é em Portugal, no perpétuo jardim do mundo, no Minho, onde os inventores de deuses teriam ideado as suas teogonias, se não existisse a Grécia. »
Camilo Castelo Branco em “Amor de salvação”
Órfão com apenas 15 anos, Camilo vai visitar em Friúme (Ribeira de Pena) a sua prima Maria do Loreto e por lá passa aproximadamente dois anos da sua vida. Aqui, encontra Joaquina Pereira de França, com quem vem a casar em 18 de Agosto de 1841, na Igreja do Salvador onde, posteriormente, afixou os versos satíricos referentes a um “morgado visigótico” local, valendo-lhe uma promessa de sova – pretexto que o escritor usou para fugir de Ribeira de Pena.
Apesar de apenas ter vivido um curto espaço de tempo nas Terras de Basto, a maneira como o recorda nos seus romances deixa antever a importância dessa vivência na sua vasta obra.
Penetrar na ficção camiliana através das Terras de Basto é uma experiência única em turismo cultural: rever os locais de “Maria Moisés”; confrontar o solar da Olaria onde nasceu o “Santo da Montanha”; percorrer os espaços do “Fidalgo Mendigo”; visitar a Granja Velha onde Camilo estudou com o bom Padre-Mestre Manuel da Lixa; atravessar o Tâmega nas “poldras” onde Josefa se afogou; temer pelo aparecimento do “Fantasma do Capitão-Mor de Santo Aleixo de Além Tâmega” apreciar em Bragadas a magnifica porta que ele mais tarde recorda na “História de uma Porta”; olhar a Ponte de Cavez e a casa aí localizada referenciada no conto “Como Ela o Amava” de “Noites de Lamego” e num dos actos de “Lobisomem”; e visitar a capela da Nossa Senhora da Guia (incluída no sexto dos seus “Doze Casamentos Felizes”), padroeira do concelho de Ribeira de Pena e motivo da sua maior romaria, Festa que Camilo terá frequentado.